Fique por dentro


Consumo de água no verão aumenta 40%, mas novos hábitos ajudam a reduzir consumo

O Globo (16/1/2015)

Em 2009, quando tinha 14 anos, a estudante carioca de direito Maria Isabel Fernandes fez um intercâmbio na cidade australiana de Gold Coast, a cerca de uma hora de Sydney, na costa leste da Austrália. Cobrada desde criança pelos pais a economizar água em casa, ela não teve dificuldades de adaptação. Maria Isabel conta que os australianos têm uma cultura tão arraigada de economizar água que algumas casas chegam a ter limitador de tempo no chuveiro.
 
— Os guias explicaram que um dos principais motivos de desentendimentos com estrangeiros nos intercâmbios era o tempo do banho. Em algumas residências, passados cinco ou seis minutos, o chuveiro desliga automaticamente — lembra a estudante.
 
O tempo passou, mas tanto Isabel quanto seus pais mantiveram o hábito de gastar somente o necessário. Por isso, a família enfrenta sem problemas as orientações de ambientalistas e técnicos para evitar o desperdício de água tratada em um verão escaldante e quase sem chuvas.
 
GASTO EXTRA DE ATÉ 10%
 
Apesar de a Cedae afirmar que não existe, por enquanto, risco de racionamento, em alguns bairros da cidade as torneiras têm ficado mais secas nas últimas semanas, como visto em várias ruas do Recreio, Vargem Grande e Jacarepaguá.
 
— No verão, o consumo de água no Rio nos dias de calor mais forte chega a aumentar 40% . Assim como em 2014, registramos alguns momentos em que o volume consumido chegou a 48 mil litros por segundo, o equivalente à capacidade de produção da Cedae. Mas não houve riscos de desabastecimento — explica o diretor de Distribuição e Comercialização da Cedae para a Região Metropolitana, Marcello Motta. — Claro que com o forte calor o consumo aumenta mesmo entre os usuários mais preocupados em economizar. Mas esse gasto extra pode não ultrapassar os 10% do consumo normal.
 
Em 2015, o período de estiagem é um outro agravante. Pelo menos até sexta-feira passada, este tem sido o mês de janeiro mais seco da capital dos últimos 12 anos. É o que mostram dados históricos das estações pluviométricas da prefeitura disponíveis no site do sistema Alerta Rio, de monitoramento climatológico. Desde 2003, quando a estiagem na cidade foi mais severa do que deste ano, não havia uma precipitação tão baixa no Rio.
 
As recomendações dos técnicos são de fácil assimilação. Algumas delas são evitar banhos demorados, mantendo a torneira fechada enquanto se ensaboa; deixar as mangueiras d’água enroladas, optando por molhar plantas com regador, e reaproveitar a água da máquina de lavar roupa para a limpeza do chão de casa ou da calçada. E, quando for escovar os dentes, não deixar a água escorrer livremente pela pia.
 
— Se a pessoa se ensaboar com a torneira desligada, o consumo de água num banho reduz de 150 litros para 45 litros. Mas é preciso ficar alerta a vazamentos ou torneiras mal fechadas. Uma torneira pingando por 24 horas desperdiça 45 litros de água — afirma Marcelo Motta.
 
Alguns desses conselhos já são seguidos por celebridades. No mês passado, em entrevista para o lançamento da minissérie “Felizes para Sempre”, da TV Globo, a atriz Cássia Kiss Magro disse que está preocupada com a água do planeta, "que está acabando", e revelou que mudou hábitos.
 
— Meu banho dura dois minutos. Lavo tudo, mas sou objetiva — declarou na época.
 
Desde o ano passado, a Fundação SOS Mata Atlântica apoia medidas mais extremas. Inspirada em declarações da modelo Gisele Bündchen, de que urinar enquanto toma banho pode ser uma forma sensata de economizar água, a fundação lançou a campanha “Xixi no Banho”. Segundo cálculos da entidade, cada vez que alguém dá uma descarga para eliminar urina consome 12 litros de água tratada. Ou seja, 360 litros por mês — quantidade de água suficiente para oito banhos.

DRM LANÇA ADMINISTRADORA DE IMÓVEIS
Rua Debret, 23 - grupos 1412/17 - Centro - CEP 20030-080 - Rio de Janeiro - RJ
Telefones: (21) 2220-9492 / (21) 2220-9427

HGDS