O perigo, às vezes, pode estar dentro da própria casa. Acidentes domésticos, como queimaduras, quedas, choques, incêndios e ingestão de produtos tóxicos são muito comuns e podem levar à morte. As crianças e os idosos são os mais suscetíveis, mas pode acontecer com qualquer pessoa, independente da idade.

 

De acordo com dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, em sua última pesquisa realizada em 2013, foram contabilizados 9.129 óbitos no Brasil, ocasionados por acidentes domésticos, em todas as faixas etárias. Especialistas dão dicas sobre como evitar esses acidentes e deixar a sua casa ou apartamento mais seguro.

 

As quedas representam um risco real, e o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into) realizou uma pesquisa e revelou que entre as pessoas ali internadas por fraturas, 65% tinham seus problemas provenientes de quedas.

 

Dentre os diversos fatores que podem ocasionar uma fratura, algumas doenças que afetam a visão e dificultam o caminhar são grandes vilões. Além disso, ambientes com pouca iluminação, pisos escorregadios, cadeiras, camas e vasos sanitários muito baixos e sem apoio para sentar e levantar, obstáculos no caminho, como móveis baixos e fios, presença de animais domésticos e bengalas ou andadores com ponteiras danificadas podem provocar acidentes graves.

 

O pediatra e presidente do Sindicato dos Médicos de Niterói, Clóvis Cavalcanti, ressalta que uma criança necessita de atenção 100% , pois ela exige cuidado especial e, dentro de casa, com alguns cuidados, muitos acidentes, inclusive fatais, podem ser evitados. “O índice de acidentes domésticos com criança é muito grande e os pais ou cuidadores precisam ter atenção para que eles sejam evitados”, explica.

 

O especialista dá algumas dicas para que eles sejam evitados:

 

Cobrir os orifícios das tomadas e as quinas dos móveis com um plástico protetor;

 

Colocar os produtos de limpeza, como detergentes, querosene e desinfetantes no alto ou em armários fechados à chave;

 

Deixar o talco longe do alcance das crianças, pois se a criança ingerir, pode ter o pulmão obstruído;

 

Evitar tapetes;

 

Colocar um pequeno portão na entrada da cozinha e perto de escadas;

 

Em caso de apartamento, colocar tela protetora ou grade em todas as janelas;

 

Em caso de piscinas, cobrir com rede ou grade.

 

De acordo com o pediatra, as queimaduras de primeiro e segundo grau, a intoxicação por produtos de limpeza e as quedas são os acidentes que mais acontecem. A auxiliar de produção Cláudia Camacho sofreu uma queda recentemente e estava sozinha em casa. Ela caiu de uma escada e por pouco não fraturou nada.

 

“Eu estava com a panturrilha um pouco prejudicada, devido uma câimbra que adquiri e, na hora que estava descendo a escada, me desequilibrei e caí. Como a minha escada é recente, ela está sem o corrimão e fui parar no chão. Bati com a cabeça, ralei minha perna e a panturrilha. Quando vi que conseguia levantar, deitei e fiquei esperando meu marido chegar em casa. Por sorte, não aconteceu nada de grave, mas poderia ter sido pior”, admite ela.

 

A fotógrafa Marcella Sousa se queimou com ferro de passar roupa e sofreu queimaduras de segundo grau. “Estava atrasada para ir trabalhar e acabei passando uma blusa em cima da cama e, com a correria, esqueci o ferro de passar ligado, sorte que ele ficou virado pra cima e não queimou o colchão, pois poderia ter causado um incêndio. Quando cheguei em casa, tomei banho e, ao deitar na cama, acabei deitando em cima do ferro. Agora sempre que saio de casa para trabalhar, faço um checklist para ver se esqueci algo ligado”, conta.

 

 

Os idosos são também um alvo fácil para as armadilhas que uma casa pode oferecer. As quedas podem ser provocadas pela fragilidade física e pelo uso de medicamentos que causam algum tipo de alteração no equilíbrio ou na visão, mas também podem estar associadas a enfermidades, como a osteoporose, ou à instabilidade postural típica da idade.

 

A negligência com os idosos em casa, nas instituições e comunidades onde vivem também pode ser a causa de quedas e acidentes. De acordo com o Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, no Brasil, cerca de 93 mil idosos se internam por ano por causa de quedas, cerca de 53%.

 

A geriatra Fátima Cristo revela que as casas e até mesmo as ruas não são adaptadas para um idoso se locomover. Com isso, pelo menos em casa, a atenção tem que ser redobrada para que os acidentes sejam evitados, pois muitas vezes eles moram sozinhos. Fátima enumera os cuidados que os idosos devem tomar em casa:

 

Deixar sempre uma luz acesa quando for dormir, um abajur já ajuda;

 

Evitar tapetes e móveis com quinas;

 

Instalar barras de sustentação no banheiro, para evitar quedas, principalmente dentro do box;

 

Evitar fios no chão para não tropeçar;

 

Sempre conferir o gás, para evitar asfixia;

 

Cuidado ao manusear facas e outros objetos cortantes.